Sem Deus, somos apenas pó

Ele é o único que é capaz de nos fazer ressurgir das nossas cinzas

Kara Gebhardt/ Shutterstock

Por Maurício Ribeiro / A12 Redação

É tempo de vivermos na verdade

“Rasgai o coração e não as vestes”, é o que o profeta Joel nos fala na primeira leitura e, com isso, nos orienta a viver, na verdade que é Cristo, e não nas superficialidades da vida.

Corremos o risco de sermos cristãos artistas e isso existe muito hoje na igreja. Pessoas que na igreja, nos grupos pastorais, nos encontros religiosos falam coisas belíssimas, mas na realidade não praticam o que falam, isso é hipocrisia! Rasgar o coração é extinguir a falsidade de nós, é parar de querermos rasgar as vestes na frente dos outros só para sermos vistos e elogiados por eles.

É tempo de vivermos, na verdade, de fazermos cair nossas máscaras, de tirar a maquiagem da falsidade, de buscarmos a conversão verdadeira e de nos colocarmos em direção a Jesus que é caminho, verdade e vida.

Cinzas: um convite à conversão

As cinzas recordam nossa finitude e nossa limitação, com elas sobre nossas cabeças somos convidados a destruir o homem velho que existe dentro nós e dar lugar ao homem novo. A penitência nos convida a conversão, a voltar a Deus, Ele que é misericordioso e compassivo e nos espera de braços abertos, cabe a nós escutarmos com o ouvido do coração o que Ele mesmo nos diz: “Voltai a Mim”.

Os resíduos de cinzas que caem sobre nossa cabeça nos trazem a autêntica mensagem de que nada restará de nossos pensamentos mundanos, serão reduzidos ao pó. Os desejos terrenos que são ardentes em nós pelas chamas do fogo do mundo serão reduzidos a cinzas, lembremos disso.

“Lembra-te que és pó e ao pó voltarás” (Gn 3,19). Será que realmente lembramos que somos pó? E se lembramos porque ficamos correndo atrás de coisas que também se resumem a pó, como bens materiais, poder, vícios, sucesso? Irmãos e irmãs, diante de Deus os bens do mundo não valem de nada! Por isso, regressemos ao Senhor com jejuns, lágrimas e gemidos, Ele é o único que pode nos proporcionar o maior bem, a vida eterna!

Quaresma: tempo de graça e conversão

Temos a sábia compreensão de que sem Deus não somos nada? Sem Ele ficamos perdidos, e o brilho da graça se ofusca em nós, dando lugar à sombra do pecado. Quando ausentamos Deus da nossa vida até podemos nos tranquilizar com coisas passageiras, mas os tranquilizantes do mundo acabam, e depois que acabam, a dor da solidão, da tristeza, do pânico e do medo volta a doer no nosso íntimo.

Sem Ele ficamos doentes da alma, sem Ele somos apenas pó; confiemo-nos na Sua força restauradora porque Ele é o único que é capaz de nos fazer ressurgir das nossas cinzas.

A graça e a misericórdia de Deus nos fazem reviver. Seu filho Jesus, vendo nossas limitações, olha para nós cheio de compaixão e nos pede para voltarmos a Ele.

Ele quer a nossa salvação e, por isso, instituiu este tempo de graça é conversão, para podermos renovar nosso coração na santidade, nos libertarmos do egoísmo e das paixões desordenadas.

Somos criaturas saídas das mãos de Deus, pelas águas do batismo fomos salvos, mas naufragamos devido ao pecado, e somente em Cristo reencontramos o porto da paz; É Ele que nos tira dos vales cinzentos da vida e nos leva aos prados da esperança.

Não adianta recebermos cinzas hoje e não mudarmos a partir de amanhã!

“É agora o momento favorável, é agora o dia da Salvação”, escutemos de coração sincero o que o profeta nos pede: “Rasgai o coração e não as vestes”.

Para Jesus, o mais importante é o que vem de dentro, e não as coisas externas. Que ao longo desse tempo de graça e conversão peçamos ao Senhor que nos ajude a realizar com sinceridade de coração o que corporalmente praticamos.