Fé, paz, justiça e eleições municipais

Com a proximidade das eleições municipais de 2024, a Diocese de Petrópolis recorda a Mensagem para as Eleições Municipais de 2024, apresentada pelo Regional Leste 1 da CNBB, em 31 de maio passado, Solenidade de Pentecostes. Esta mensagem é a orientação oficial da Diocese. A ela se acrescentam aqui algumas indicações mais específicas, resultado de consultas recebidas.

 

① Participação política – É louvável o empenho dos católicos na concretização de sua fé também nas diversas formas de cuidar e promover o bem comum, participando tanto na vida política eletiva em nossos municípios, bem como no cuidado de políticas públicas, através dos diversos conselhos existentes em cada município. Essa participação é incentivada, devendo sempre ser vivida em vista do bem comum e da sensibilidade aos mais pobres. O engajamento político é parte importante da vivência da fé.

② Candidatos ditos da Igreja – A Igreja Católica não possui candidatos nem partidos políticos. Cada pessoa é chamada a seguir sua própria consciência, devendo, por certo, esclarecer-se da melhor forma possível a respeito de quem pede voto.

 

③ Apoio a candidatos ou partidos – Os clérigos, padres e diáconos, não utilizarão de suas funções para expressar apoio a qualquer candidato ou partido. Os leigos e leigas o farão, exatamente em decorrência de sua responsabilidade batismal, não utilizando para isso as funções ou atribuições que exerçam em suas comunidades.

④ Orientação – Os padres e diáconos se esforçarão por ajudar os leigos e leigas a bem votarem, discernindo candidatos que, marcados pela honestidade, competência e serviços prestados à comunidade, seguem os valores indicados pela mensagem do Regional Leste 1.

⑤ Uso de imagens e publicações – Não é autorizado o uso de fotos, filmagens, postagens nas redes sociais e outras formas de manifestação em relação a candidatos ou partidos. Fotos e filmagens com o bispo diocesano não implicam apoio nem indicação para voto.

⑥ Participação de candidatos – Membros de comunidades católicas, quando candidatos a cargos eleitorais poderão continuar a exercer suas atividades apenas nas comunidades e nos momentos onde usualmente já as exercem, sendo- lhes, consequentemente, vedada a participação em novas ou diferentes atividades.

 

⑦ Trajes em atividades pastorais – Ao participarem das atividades que já exercem, os candidatos não utilizarão indicação eleitoral alguma. Servirão, por exemplo, na liturgia e em outras atividades com as vestes e insígnias que sempre tiverem utilizado, sem camisetas, adesivos ou outras identificações eleitorais.

⑧ Nomes ligados a atividades na Igreja – O uso de nomes ligados a atividades na Igreja, como, por exemplo, “José Ministro”, “Maria Catequista”, “João dos Casais”, “Juca da Juventude” ou outros, embora ajudem as pessoas a identificarem quem é o candidato, não será compreendido como sendo uma candidatura da Igreja.

⑨ Utilização de dependências – Os espaços físicos de nossas igrejas (salões, salas de catequese e outros) podem ser cedidos para contato com candidatos, desde que observadas rigorosamente as indicações da legislação eleitoral em vigor. Os espaços específicos das igrejas, conhecidos como naves, não serão utilizados em hipótese alguma, mesmo que trasladado o Santíssimo Sacramento para outro local durante o evento.

 

⑩ Encontros com candidatos – O contato direto com os candidatos é fundamental. Recomenda-se que, para isso, sejam usados os espaços das residências e outras dependências comuns em cada localidade. Grupos e famílias podem e devem organizar tais encontros, os quais não contarão com a presença dos clérigos (padres e diáconos).

⑪ Conflitos – Deve-se evitar que as diferentes perspectivas em relação a partidos e candidatos se transformem em conflitos e embates, cujo resultado é sempre negativo para todos, afetando até mesmo vínculos familiares e amizades de longa data.

Dom Joel Portella Amado, Bispo da Diocese de Petrópolis

**********************************************************************

MENSAGEM DOS BISPOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

“Somos convidados a construir uma verdadeira fraternidade universal, que favoreça nossa vida em sociedade.”

(Papa Francisco, Mensagem para Campanha da Fraternidade 2024)

Estamos em ano eleitoral para a escolha de vereadores e prefeitos. As eleições municipais têm importância fundamental para a solução dos problemas mais próximos a nós, a promoção de melhor qualidade de vida para todos e a superação das desigualdades sociais.

Embora algumas vezes possamos experimentar frustração e desânimo por soluções que não vemos chegar, isso não é motivo para desistirmos da responsabilidade pelo voto consciente. Dele dependem, por exemplo, a defesa e a promoção da vida desde a concepção até a morte natural, valorização da família, acesso à educação básica de qualidade, ensino religioso confessional plural, garantir o acesso de todas as pessoas à saúde integral, cuidado do meio ambiente, moradias dignas em lugares seguros e olhar humano para a população em situação de rua. Essas são algumas das questões importantes que deverão ser administradas por aqueles que elegeremos. Consequentemente, deverão ser candidatos com ficha limpa e postura ética, não participando de processos questionáveis para a aquisição de votos.

Por tudo isso, é muito importante que você participe e motive outras pessoas a participarem nessa escolha da qual ninguém pode se isentar. Não desperdice seu voto.

O equilíbrio entre os poderes legislativo e executivo é indispensável para a consolidação da democracia e o avanço da justiça social. Dê igual atenção à escolha do prefeito e à dos vereadores.

Nem sempre é fácil escolher um candidato pelas informações dos meios de comunicação e das redes sociais. Procure se informar, através de fontes seguras sobre os candidatos nos quais você pretende votar e se as propostas apresentadas correspondem à realidade. Sempre que possível, reúna-se com familiares, amigos e vizinhos, para conhecer melhor, até mesmo pessoalmente, quem pede seu voto.

Encorajamos os membros de nossas comunidades que têm vocação para a atuação política direta que se candidatem, mantendo ainda mais seu contato com Jesus Cristo e à comunidade eclesial. Os valores cristãos são inspiração para a atuação a serviço do bem comum.

As eleições municipais de 2024 oferecem a todos nós a possibilidade de contribuirmos para a construção da comunhão e da amizade social. Por isso, cuidado! Das eleições não devem ficar legados de divisão e inimizade. Nossa fraternidade precisa sair reforçada, pois “em Cristo, somos todos irmãos e irmãs”. (Mt 23,8).

Bispos Católicos do Estado do Rio de Janeiro